O Bloco de Esquerda requereu, esta quarta-feira, um debate de urgência sobre transportes públicos na Assembleia da República. A má qualidade do serviço e as constantes queixas das comissões de utentes foram, segundo o partido, decisivas para o pedido desta audiência. A STCP e a Metro do Porto foram referidas por várias bancadas parlamentares. João Pedro Matos Fernandes garantiu mudanças nos autocarros do Porto.

Depois de Catarina Martins, coordenadora do BE, ter viajado no início desta semana no Metro de Lisboa, o partido chamou os deputados à Assembleia para discutir “o péssimo nível de transportes públicos” em Portugal, nas palavras de Heitor Sousa. Após a enumeração dos problemas dos serviços como a supressão das carreiras dos autocarros ou as avarias dos metropolitanos, o deputado do Bloco acusou o anterior Governo de “uma lapidação sistemática”.

O ministro do Ambiente, em resposta às questões do partido da esquerda, afirmou que o Metro do Porto “corria sem problemas” e referiu a construção de uma nova estação de metro em Modivas na linha vermelha, que liga o Estádio do Dragão à Póvoa de Varzim, como parte desse investimento. Quanto à Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), João Pedro Matos Fernandes defendeu que houve um aumento da oferta do serviço. “Apenas registaram-se problemas ao fim de semana”.

Um comunicado da Metro do Porto, esta quarta-feira, revelou a entrega da construção da Estação de Modivas, Vila do Conde, à empresa Soares da Costa. O investimento global da estação será de cerca de 1,2 milhões de euros, financiados pela empresa de transportes e pelo complexo comercial Vila do Conde The Style Outlets.

A estação permitirá o acesso mais rápido e eficaz dos funcionários e dos clientes ao centro comercial.

O maior sucesso do último ano nos transportes públicos do Porto foi mesmo a passagem de ano: 120 mil pessoas aderiram aos serviços de metro e autocarro.

Mais tarde, foi o deputado José Soeiro (BE) a enunciar os problemas dos serviços de transporte na Invicta. O aumento dos passes mensais e a demora na expansão da rede do metro e dos autocarros foram questionados.

Antes, o PSD tinha acusado os bloquistas de fazerem parte do problema da degradação destes serviços, juntamente com o Governo. “Estávamos à espera de um debate sério, não de uma rábula revisteira. Se isto não fosse dramático, seria hilariante”, argumentou o deputado Luís Leite Ramos.

José Soeiro respondeu que o partido social-democrata foi o responsável pelo desinvestimento nos autocarros dos STCP. “O anterior Governo permitiu menos 150 mil viagens por ano e a eliminação de 10 quilómetros de faixa ‘Bus’”. Já do lado do CDS-PP, Hélder Amaral acusou o Governo de efetuar a renovação da frota da STCP com o dinheiro dos contribuintes.

O ministro do Ambiente referiu que 60 milhões de euros seriam dedicados aos novos veículos da cidade. “As empresas estão a preparar os concursos. Ao longo do ano de 2017 e até 2019, os autocarros começarão a chegar ao Porto”, disse. João Pedro Matos Fernandes informou que cerca de 400 novos autocarros serviriam as duas maiores cidades do país, ou seja, metade para a frota portuense e outra para a lisboeta.

De lembrar que a transferência dos STCP para os seis municípios onde o serviço atua foi assinada a 2 de janeiro – o anterior Governo estava a proceder à sua subconcessão a privados. Resta apenas o visto do Tribunal de Contas para efetivar a gestão por parte das autarquias.