A ideia surgiu como forma de encerrar o ano comemorativo do centenário da Avenida dos Aliados, que contou com um programa lançado a 1 de fevereiro de 2016 pela Fundação Marques da Silva.

A exposição está disponível para todos, desde os mais curiosos pela história da cidade ou quem quer relembrar a Avenida dos Aliados de antigamente, de uma forma fácil e rápida. Domingos Tavares, comissário do programa, afirma no site do projeto que a exposição é virtual para evitar “o bicho do papel” e a “humidade do tempo” que muitas vezes destroem ou deturpam a história.

A construção da Avenida dos Aliados é contada através de vários documentos históricos, como planos, projetos, fotografias ou postais. “No decurso das várias iniciativas foi começando a tomar corpo a possibilidade de converter a proposta de expor os documentos físicos numa plataforma virtual, capaz de ampliar a sua abrangência”, conta ao JPN, Paula Abrunhosa, da Fundação Marques da Silva, organizadora da exposição.

Os principais objetivos da plataforma passam por mostrar o processo de transformação com documentos da época e do presente e incentivar o confronto entre o projeto e a realidade. Paula Abrunhosa acrescenta que a missão passou também por permitir a quem visite e explore a exposição “estabelecer a relação entre o que a cidade é, o que cada tempo foi trazendo ou fazendo desaparecer, sem deixar de equacionar o que poderia ter sido, nomeadamente quando dá a conhecer planos não realizados”.

Vários espaços reunidos num só

Reunir documentos que contam 100 anos de história não é uma tarefa fácil. Por detrás da exposição está um elevado número de documentação que foi consultada e selecionada. Tratam-se de documentos do acervo da Fundação Marques da Silva, registos fotográficos do Espólio Fotográfico Português e do Centro Português de Fotografia (CPF) e vídeos da Cinemateca.

Os documentos que o utilizador encontra na exposição estão divididos em três conjuntos. No “Espaço Público” é mostrada toda a informação documental anterior à criação da Avenida da Cidade, enquanto na secção da “Construção dos Edifícios” é refletida a concretização das ideias, sendo o núcleo principal e também o mais extenso. O terceiro conjunto mostra os projetos que foram elaborados para o edifício dos “Paços do Concelho”, desde a primeira proposta para o projeto final.

Para além dos documentos, são disponibilizadas memórias cinematográficas e fotográficas da Avenida. “A memória cinematográfica, com uma ligação para vídeos documentais da Cinemateca tinham por objetivo humanizar o espaço, apresentando-o como um lugar de vida cívica”, refere a assessora da Fundação Marques da Silva .

Quem navega na plataforma pode também tornar-se parte dela. Há um espaço dedicado exclusivamente à partilha de documentos, testemunhos e opiniões sobre o antes e o depois da Avenida. No site do projeto, Clara Pimenta do Vale, da orientação científica da exposição, afirma que a prioridade é que este “não seja um caminho terminado, mas sim um espaço que se devolve à cidade para que ela o use, aproprie e transforme”.

O trabalho passa agora por “pensar em como introduzir mecanismos que otimizem a navegação, sobretudo nos campos que integram um maior volume de documentação, bem como inserir alguns dados novos”, acrescenta Paula Abrunhosa.

A exposição foi criada e organizada pela Fundação Marques da Silva e contou com a ajuda da equipa da TVU. que permitiu montar o site “num tempo recorde, ao longo do mês de janeiro”.

Texto editado por Rita Neves Costa