No Dia Mundial do Sono, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lança a campanha “Acorde antes que seja tarde demais”. O objetivo é alertar o público para as consequências da falta de descanso na vida conjugal.

Em comunicado, Fátima Teixeira, coordenadora da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da SPP, defende que as perturbações nesta área “não atingem apenas o próprio, refletindo-se também na vida conjugal e familiar.”

Quartos separados e falta de apetite sexual

A vida sexual é das principais afetadas pela falta de descanso. Susana Sousa, secretária da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da SPP, revela que “é muito frequente” o ressonar levar os pacientes a dormir em quartos separados, o que acaba por “interferir na intimidade do casal”.

Em comunicado, a SPP cita ainda “dados recentes” que ligam as patologias do sono à disfunção erétil e à disfunção sexual feminina. Num estudo feito com pacientes de Apneia Obstrutiva do Sono, 69% reportou perda de desejo sexual.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia recomenda:

  • Deitar e levantar sempre à mesma hora.
  • Evitar o tabaco, álcool e bebidas com cafeína a partir do final da tarde.
  • Praticar exercício físico regular, preferindo os períodos da manhã ou almoço e evitando a sua prática pelo menos 4 horas antes da hora de dormir.
  • Criar no quarto boas condições para o repouso: temperatura adequada, pouca luz e ruído.
  • Evitar ler, ver televisão ou comer na cama.
  • Fazer refeições ligeiras à noite e não comer pouco antes de dormir.
  • Evitar sestas em caso de dificuldade em adormecer.
  • Não levar as preocupações diárias para a cama.

Mas os problemas associados à apneia do sono não acabam na cama. A falta de descanso está ligada ao desenvolvimento de patologias como a depressão e a ansiedade, com a irritabilidade e a sonolência diurna a servirem de obstáculos adicionais entre o casal.  Susana Sousa realça que se trata de algo “que também tem influência na atividade social do casal e da própria família”.

Menos de um terço procura ajuda profissional

Em comunicado, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia realça que a maioria dos distúrbios de sono são tratáveis. Mas a percentagem de doentes que procura ajuda profissional não chega a um terço.

Em vez disso, a maioria dos portugueses parece optar pelos medicamentos não sujeitos a receita médica. Segundo dados da consultora Quintiles IMS, avançados pelo “Jornal de Notícias”,

a venda de produtos para dormir cresceu cerca de 46% em 2016.

Em declarações ao JPN, Susana Sousa alerta para o “flagelo” que a automedicação representa nas doenças do sono. Há “sempre alguém que conhece alguém que se deu bem com uma medicação”. Mas a maioria dos produtos que resolvem a insónia agravam as pausas respiratórias, sintoma que mais preocupa os médicos na apneia obstrutiva do sono. E ter uma das patologias não invalida ter a outra.

Artigo editado por Filipa Silva