A mais recente personagem da “Rua Sésamo” chama-se Julia. Tem olhos verdes, cabelo laranja e autismo. Criada para uma iniciativa da Sesame Workshop, organização sem fins lucrativos que produz o programa, Julia estreia-se na televisão já a 10 de Abril. Os criadores esperam que a personagem “reduza o estigma” à volta do autismo.

No seu primeiro episódio, Julia vai demonstrar algumas das características mais associadas à perturbação. A personagem tem o hábito de mexer os braços, e entra em pânico quando o barulho se torna demasiado alto. Quando Big Bird (o Poupas da versão portuguesa) lhe é apresentado, a menina ignora-o. “Talvez não goste de mim”, diz o pássaro. Mas os outros marretas garantem-lhe que Julia apenas faz as coisas “de forma um pouco diferente”.

Para desenvolver a personagem, os escritores da “Rua Sésamo” contaram com a colaboração de uma série de organizações ligadas ao autismo.

Ajudar as crianças a compreender o autismo

Também a ventríloqua de Julia, Stacey Gordon, é mãe de uma criança autista. No programa 60 minutos, da CBS, Stacey disse que gostava que a personagem tivesse existido antes, enquanto o filho e os colegas estavam na idade de ver a “Rua Sésamo”, para tivessem aceitado melhor a forma como ele se comportava.

Uma em cada 68 crianças americanas é autista. Em 2015, havia 10 casos de autismo em cada 10 mil portugueses.

Alexandra Barreiros, terapeuta na associação Vencer autismo, considera a introdução de Julia uma “mais-valia”. Em declarações ao JPN, Alexandra realça que no autismo não há diferença física e que isso acaba por confundir as crianças, que não entendem porque é que o colega se comporta de forma diferente. A consciencialização dos mais novos para a diferença faz parte do “grande caminho a percorrer” que Portugal tem em relação ao autismo.

Ainda não se sabe se Julia se vai tornar num personagem regular. Mas Christine Ferraro, criadora da personagem, tem esperança que sim. À CBS, disse que “adorava que ela não fosse a Julia, a rapariga com autismo da “Rua Sésamo”. Gostava que ela fosse só a Julia”.

Artigo editado por Rita Neves Costa