A ribeira de Aldoar vai subir à “tona” da Avenida da Boavista. De acordo com o projeto de reabilitação do troço daquela avenida compreendido entre os cruzamentos de Antunes Guimarães e da Avenida do Porque, apresentado esta terça-feira na reunião do Executivo camarário, vai ser criada uma artéria de água na zona central da avenida para fazer passar a ribeira, despoluída e desentubada, ao longo de 760 metros.

O “caminho das águas” – como foi designado pelo arquiteto Rui Mealha, responsável pelo projeto – vai ser ladeado por uma ecopista, vai ter equipamento urbano – como bancos corridos – e muita sombra para peões e ciclistas. No total, vão ser plantadas mais de 200 árvores.

 

“Estamos a prolongar a estrutura ambiental do Parque da Cidade, a fazer com que essa estrutura ganhe corpo e escala”, explicou o arquiteto Rui Mealha aos presentes.

O projeto apresentado aos vereadores “está pronto para lançar a concurso”, de acordo com o presidente da autarquia Rui Moreira. A obra só arrancará no próximo ano, deverá durar dois anos e custará cerca de 4,2 milhões de euros. A intervenção juntar-se-à a outras duas feitas noutros dois setores da Avenida da Boavista, obra com um custo a rondar os 5 milhões de euros.

O presidente da Águas do Porto, Frederico Fernandes, realçou a importância de aproveitar este projeto de requalificação para “disciplinar” aquela ribeira criando em simultâneo um “mecanismo de controle de cheias e inundações que são ali frequentes”.

O projeto envolve a renovação da rede de águas pluviais, a rede de abastecimento de água, de saneamento e de iluminação pública, sendo ainda intervencionados os arruamentos e áreas verdes e instalados conjuntos de recolha seletiva de resíduos.

Aprovação unânime

O projeto apresentado mereceu o aplauso geral da vereação. Mesmo a CDU que, pela voz do vereador Pedro Carvalho, recordou o desacordo com as “prioridades” assumidas na intervenção da Avenida da Boavista, considerou “fascinante” a ideia de trazer a água à superfície.

Do PS, Correia Fernandes, ex-vereador do Urbanismo, deixou o pedido para que se mantenha o arquiteto Rui Mealha na liderança do projeto e sugeriu que seja muito bem pensada – quem sabe com uma solução de arte urbana – os pontos de aparecimento, corrimento e desaparecimento da água da ribeira.

A vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel, em resposta às dúvidas colocadas pelo vereador Ricardo Almeida (PSD), garantiu que não haverá lugar a “alterações significativas” no trânsito. Haverá sim um novo sistema de semaforização que terá como prioridade dar mais “fluidez” ao tráfego.

O estudo “profundo” do tráfego naquela área foi feito pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Filipe Araújo, vereador do Ambiente, lembrou que a linha de água e de árvores vai diminuir substancialmente a temperatura que se sente naquela zona.

Rui Moreira deixou ainda a indicação de que o projeto é elegível para concorrer a fundos comunitários, nomeadamente através do PO SEUR – Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.