O Boavista voltou a não conseguir ganhar fora de portas, depois de perder no Estádio Marcolino de Castro, por 3-0, frente ao Feirense, este sábado. Os golos de Babanco, Luis Machado e Crivellaro asseguraram os três pontos para a equipa da casa, que fugiu à zona de despromoção. O Boavista falhou a missão de se aproximar do Rio Ave e Chaves e vê fugir os lugares europeus.

Em equipa que ganha, não se mexe. Jorge Simão fez alinhar o mesmo onze que goleou o Setúbal por 4-0, no último fim de semana. Já o Feirense mudou algumas peças do xadrez que claramente não tem funcionado (cinco jogos consecutivos a perder): entrou Briseño, Luís Machado e Crivellaro; saiu Hugo Seco, Flávio Ramos e Luís Aurélio.

Primeiro tempo com duas caras

O Boavista entrou forte na partida, a jogar confortavelmente no meio-campo do Feirense, que se viu desfalcado bem cedo. Logo no primeiro minuto, uma das boas figuras da equipa de Nuno Manta, o guarda-redes Casio Secco, caiu lesionado e teve mesmo de ser substituído. O polaco Miskiewicz estreou-se no campeonato, depois de três partidas na Taça CTT.

Até à meia-hora, o Boavista adormeceu a partida, sempre no controlo da iniciativa de jogo, mas sem criar oportunidades flagrantes de golo. Destaque no primeiro tempo para Mateus. O camisola 9 esteve perto do golo ao minuto 35, e mostrou-se inconformado com o resultado. Tentou de longe ao minuto 41 para defesa apertada de Miskiewicz. Rápido, ágil, habilidoso e forte de costas para a baliza.

Um pouco contra a maré do jogo, o Feirense adiantou-se no marcador. Na sucessão de um canto ao minuto 27, marcado por Tiago Silva, Babanco saltou mais alto e cabeceou para o fundo das redes de Vágner. A defesa axadrezada fica mal na figura, falhando na marcação ao médio do Feirense.

A pantera, talvez confiante em demasia, viu-se a perder, e o Feirense motivado com o golo, controlou o que restou da primeira parte (e do jogo, na sua maioria). Crivellaro, que saltou para a titularidade, mostrou o seu “remate canhão” em diversas ocasiões. Um dos tentos esteve mesmo na origem do primeiro golo.

Golaço de Luis Machado assegurou os três pontos

A carreira de tiro começou bem cedo à baliza de Vagner, no segundo tempo. Aos 54 minutos, o brasileiro ainda resistiu com uma fantástica defesa ao remate de Edson Farias, mas pouco depois caiu perante a grandiosidade de Luis Machado. O remate, sem hipóteses, deixou Vágner colado ao chão.

O jogo foi-se progressivamente tornando mais agressivo, com o Boavista a não baixar os braços na luta pelo resultado, e o meio-campo do Feirense comandado para destruir toda e qualquer ofensiva dos axadrezados. As condições climatéricas não ajudaram ao espetáculo de futebol e foram degradando o relvado ao longo da partida.

Hugo Seco ainda fez a barra do Boavista tremer, com novo remate de fora de área aos 77 minutos. Mesmo ao cair do pano, tempo para o 3-0, marcado por Crivellar. No lance, Vagner acabou traído pelo relvado, que desviou a bola da trajetória normal.

O Boavista mantém o fraquíssimo registo fora de portas, onde não vence desde a jornada 15, em Paços de Ferreira. A dificuldade de somar pontos fora do Estádio do Bessa dificulta cada vez mais o sonho europeu da pantera.

Já o Feirense não teve de esperar pelo fim da tempestade para ver chegar a bonança. Vitória categórica por 3-0, que coloca um ponto final noutra intempérie: os cinco jogos consecutivos a perder. Com os três pontos conquistados, a luz da lanterna vermelha apaga-se sob o nome do Feirense na tabela classificativa, que sobe ao 13º lugar, com 23 pontos. Já o Boavista mantém o oitavo posto, com os mesmos 33 pontos e em igualdade pontual com o Marítimo.

Na próxima jornada, a equipa axadrezada vai receber o Estoril no Bessa (sábado, 20h30). Já o Feirense deloca-se ao terreno do Rio Ave.

“Pensei que jamais iríamos perder este jogo”

Em conferência de imprensa, Jorge Simão fez a análise à partida, elogiando o início de jogo da sua equipa: “Entrámos muito bem no jogo, a pressionar e a criar muitas dificuldades ao Feirense e situações para fazer golo. Pensei que jamais iríamos perder este jogo. Chegámos ao intervalo a perder por 1-0 de forma injusta”, declarou.

“Na segunda parte, o jogo passou para uma dimensão mais física, mais propenso a bolas no ar, mais difícil para tocar e jogar, e nós não nos conseguimos adaptar devidamente e tivemos dificuldades em sair a jogar”, adicionou.

O treinador do Boavista falou ainda sobre o apoio vindo das bancadas: “Esta empatia entre equipa e adeptos é fantástica. Não me recordo, nos anos que levo de futebol, de ver uma situação destas. Aquilo que mais desejávamos era receber esse tributo com o jogo ganho”.

“A equipa lutou até à última gota de suor para vencer hoje”

Já o treinador do Feirense, Nuno Manta, realçou a importância dos pontos conquistados: “Era muito importante vencer hoje e fazer 23 pontos. Faltam disputar 27. Vai ser uma luta terrível e uma competitividade muito grande entre as equipas até ao fim”.

O técnico português elogiou ainda a atitude da equipa: “Fomos uma equipa solidária, organizada, determinada e focada no seu objetivo. A equipa lutou até à última gota de suor para vencer aqui hoje. Mais do que atitude, essa é a obrigação de atletas profissionais.”

Nuno Manta falou ainda sobre a lesão de Caio Secco, no início do jogo: “Teve um bloqueio na anca, que lhe estava impossibilitar movimentos. Tive de o tirar logo no início e fiquei com apenas duas substituições para fazer ao longo do jogo. Acontece. É futebol”, rematou.

Artigo editado por Filipa Silva