À pergunta “Deve o evento Garraiada continuar no Programa Oficial da Queima das Fitas?” 3.932 estudantes de Coimbra disseram “Não”. O número significa que a garraiada foi rejeitada por 70.7% dos que foram às urnas esta terça-feira, no âmbito de um referendo que foi convocado pelo Conselho de Veteranos e pela Associação Académica de Coimbra (AAC), para saber como se posicionavam os alunos relativamente ao evento, tradicionalmente realizado na Figueira da Foz.

Dos 5.638 participantes, o “Sim” manifestou-se em apenas 1.484 votos, uma percentagem de 26.7% a favor da permanência da atividade no programa oficial da Queima das Fitas de Coimbra. Foram, ainda, contabilizados 49 votos nulos e 96 votos em branco.

O movimento contestatário contra a garraiada cresceu nos últimos anos. As críticas dos estudantes e a controvérsia gerada levaram a Comissão Central da Comissão de Organização da Queima das Fitas a propor a abolição da garraiada. Porquê? “Por entenderem que era um evento cujas práticas já não se enquadram naquilo que são os princípios e forma de atuar e estar da Associação Académica de Coimbra, e de forma mais lata da academia de Coimbra”, justificou Alexandre Amado, presidente da AAC ao JPN.

A Associação Académica de Coimbra e o Concelho de Veteranos, organizadores da Queima das Fitas da cidade, decidiram realizar um referendo consultivo, no sentido de apurar a posição da maioria dos estudantes universitários em relação à continuidade da garraiada.

“A atividade vai deixar de constar no programa da Queima das Fitas”

Para Alexandre Amado, a posição dos estudantes é clara e por isso “a atividade vai deixar de constar no programa da Queima das Fitas”. Mesmo tratando-se de um referendo consultivo, a Associação Académica de Coimbra garante que a opinião dos estudantes seria, sempre, a assumida pela organismo, independentemente do resultado.

Num universo de 24 mil alunos, a afluência às urnas para este referendo foi significativa, visto que nas eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra participaram quase oito mil estudantes em 2017 e menos de cinco mil em 2016.

Na votação, puderam participar apenas estudantes universitários, pelo que os estudantes do Instituto Politécnico e das instituições privadas ficaram de fora na hora de decisão. O presidente da AAC justifica esta realidade pelo facto de a organização “representar os estudantes universitários de Coimbra. Os 24 mil são os associados efetivos, e são apenas esses que fazem parte da associação e são sócios de pleno direito.” Alexandre Amado não nega o contentamento por esta ser uma festa de toda a cidade mas remata que “a associação académica não poderia decidir colocando à consideração de todos os cidadão ou todos os estudantes uma decisão que cabe acima de tudo aos seus associados efetivos”.

A edição deste ano da Queima das Fitas de Coimbra realiza-se de 4 a 11 de maio e a garraiada não entra no programa.

Garraiada suspensa no Porto

No Porto, a Garraiada da Queima das Fitas foi suspensa em 2016 por decisão da Federação Académica do Porto e do Conselho de Veteranos da academia. O facto da atividade gerar divisão no seio da academia, a fraca adesão dos estudantes e a queda da tradição tauromáquica no país foram motivos apontados.

A decisão de suspender a garraiada foi tomada no mesmo mês em que uma petição online, levada a cabo por duas alunas de Bioengenharia, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, reuniu mais de 5.500 assinaturas. A petição pedia o fim da atividade.

Desde 1948 que a Garraiada encerrava a Queima das Fitas do Porto.

Artigo editado por Filipa Silva