A competição com centros culturais de grandes dimensões terá sido uma das razões que levou a Direção-Geral das Artes a não apoiar os projetos nortenhos, de acordo com Paulo Vasques, membro da direção da Circular, e André Braga, elemento da direção artística da Circolando.

Ao JPN, Paulo Vasques contou que foi “com enorme perplexidade que se confrontaram com esta proposta de decisão”, até porque acredita que a candidatura apresentada pela associação este ano “foi a mais forte e sustentada de sempre”.

De momento, a associação vai acionar tudo o que está ao seu dispor para tentar reverter a decisão, segundo Paulo Vasques. Há um período de audiência e a associação tem um período de 10 dias úteis, que se iniciou na última quarta-feira, para recorrer da deliberação.

Os membros da Circular e da Circolando acreditam que o concurso atual da DGArtes coloca numa posição injusta as estruturas pequenas independentes, que são postas a concorrer com organismos maiores, como é o caso do Centro Cultural Vila Flor – que terá recebido a maior percentagem da verba destinada à Região Norte.

Uma audiência com o secretário de Estado da Cultura já foi solicitada pela Circular, que também pediu autorização para aceder ao processo que culminou na não-atribuição de apoio à associação.

Circular terá de interromper o trabalho em curso e o festival deixará de acontecer, caso a DGArtes não altere a decisão

Paulo Vasques avançou ao JPN que a informação obtida pela estrutura de Vila do Conde, relativa à decisão da DGArtes, “nota um total desinteresse pelo projeto, resumido a um festival e a residências artísticas”, o que é “absolutamente erróneo porque é muito mais do que isso”.

Caso a Direção-Geral das Artes não volte atrás na posição adotada, a Circular terá “de interromper de imediato todo o trabalho que há em curso e, naturalmente, o festival deixará de acontecer”, explicou o integrante da estrutura artística.

“A associação continuará a existir e poderá contribuir para a programação cultural local”, acrescentou Paulo Vasques, para depois realçar que, sem o apoio da DGArtes, “os contratos de trabalho que a Circular tem com os seus colaboradores estão em causa” e que a contribuição da entidade é “absolutamente fundamental para qualquer estrutura do género”.

No Facebook, o encenador português Jorge Silva Melo, foi um dos nomes que se insurgiu contra a decisão da DGArtes.

André Braga, da direção artística da Circolando, explicou que também não esperavam a decisão e que, no momento, esta é “incompreensível”.

O membro da estrutura do Porto considera que esta candidatura “é a mais forte que alguma vez fizeram”, com sete estreias marcadas já para 2018, pelo que não conseguem perceber a decisão.

Neste momento estão a tentar perceber como uma associação com o passado, presente e futuro da Circolando foi deixada de fora da lista de apoios da DGArtes, contou André Braga. O elemento da Circolando frisou que não “aceitam a decisão” e vão lutar para tentar revertê-la.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro