O festival de tributo a Nelson Mandela começou esta quarta-feira, na praia do Aterro, em Matosinhos, naquele que seria o dia do centésimo aniversário do falecido político e ativista sul-africano.

O primeiro dia do Nelson Mandela Music Tribute fica marcado por dois aspetos: o cartaz eclético e a união entre os vários artistas que o constituíram, num esforço de difundir o amor e a paz entre a humanidade no respeito pelo legado de Nelson Mandela.

Cecília Krull, reconhecida por muitos como a cantora do genérico da série “La Casa de Papel”, estreou o palco do evento. Seguiram-se os Calema, a dupla de irmãos de São Tomé e Príncipe que tem vindo a ganhar fãs em Portugal com as suas baladas.

Pablo Alborán foi o primeiro elemento do cartaz a ser recebido com furor ao subir ao palco. Furor que se intensificou nos momentos em que o cantor interpretou as suas canções mais populares.

Todos estes artistas salientaram, em palco, a importância da paz e do amor pelo próximo no futuro da humanidade. Mas foi Bob Geldof, o músico humanitário por trás da organização do Live Aid – e o único dos artistas presentes no palco que chegou a conhecer pessoalmente a personalidade homenageada neste evento -, na sua estreia em Portugal, quem proferiu as palavras mais sentidas.

O músico descreveu Mandela como “a pessoa mais excepcional” que alguma vez conhecu e alguém de quem se tornou “amigo”. Geldof salientou ainda que Mandela não era um santo e não devia ser visto como uma entidade espiritual, mas como alguém muito humano e uma pessoa excecional.

Seguiram-se os ingleses Kaiser Chiefs, com um Ricky Wilson a contagiar a audiência através da sua disposição frenética, complementada pela incapacidade de controlar o seu hábito de trepar equipamentos de iluminação de palco.

O DJ holandês Martin Garrix encerrou o dia com um set eletrizante, do qual faziam parte alguns dos seus maiores sucessos, e garantiu que o público sentisse a energia do festival até ao último momento da noite.

A perspetiva de Madiba

No espaço do evento, montado na praia do Aterro, em Matosinhos, é possível observar elementos que se destacam por aparentarem não pertencer ao ambiente tradicional de um festival como este.

São estes o ginásio e uma pequena horta, ambos colocados pela organização do festival como uma lembrança dos tempos de prisão de Nelson Mandela. Frequentar o ginásio e tratar da horta faziam parte das poucas atividades de que o antigo presidente sul-africano podia usufruir enquanto prisioneiro, ele que esteve preso 27 anos.

As bancas de merchandising também optaram por uma abordagem diferente da habitual ao focarem-se na venda de tecidos e acessórios de tradicionalmente africanos, em vez das habituais t-shirts.

O festival de tributo a Nelson Mandela continua até sexta-feira. Esta quinta, conta com a presença em palco de Jimmy P, Kura e Gabriel, O Pensador.