O Estado português vai ceder a “Coleção Miró” ao município do Porto pelos próximos 25 anos. A Câmara do Porto, por sua vez, vai entregar à Fundação Serralves a guarda, conservação, valorização e divulgação das 85 obras do criador espanhol.

A autarquia transferirá anualmente 100 mil euros para Serralves pelo serviço e compromete-se também a financiar com um milhão de euros as obras que a Casa de Serralves terá de fazer para acolher a coleção de 85 obras do criador espanhol.

Os dois acordos foram apresentados publicamente esta quarta-feira à tarde, na Câmara do Porto, na presença do primeiro-ministro António Costa, do edil portuense, Rui Moreira, da nova ministra da Cultura, Graça Fonseca e da presidente do Conselho de Administração de Serralves, Ana Pinho.

António Costa e Rui Moreira, ao centro, com Graça Fonseca à esquerda e Ana Pinho à direita.

António Costa e Rui Moreira, ao centro, com Graça Fonseca à esquerda e Ana Pinho à direita. Foto: Filipa Silva

O anúncio de que a Coleção Miró ficaria no Porto tem já dois anos, mas as negociações só terão ficado fechadas há cerca de um mês, de acordo com o presidente da Câmara do Porto. Rui Moreira informou ainda que o acordo terá ainda de passar pelo crivo do Executivo Municipal, da Assembleia Municipal e do Tribunal de Contas.

O responsável notou ainda que a cedência da coleção a Serralves é feita na condição da exposição ser visitável, havendo a expectativa de que o conjunto artístico seja valorizado: “Serralves assumirá a curadoria que é necessária para uma exposição desta natureza, vai haver seguramente toda uma programação à volta desta coleção”, disse.

“Uma coleção valoriza-se pelo modo como é trabalhada. Não estamos a pensar numa exposição estática”, afirmou ainda o presidente da autarquia portuense.

Ana Pinho, na sua intervenção, lembrou o sucesso obtido pela exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, que esteve no Porto entre outubro de 2016 e junho de 2017, pela qual passaram “240 mil visitantes” e sublinhou também a relevância de ser Álvaro Siza Vieira o arquiteto que conduzirá o projeto de adaptação da Casa de Serralves à coleção.

Graça Fonseca fez, no Porto, a sua primeira intervenção pública como ministra da Cultura, e enfatizou a importância das parcerias no contexto das políticas públicas da área: “a cultura tem de ser feita por todos, em rede”, declarou.

O primeiro-ministro justificou a escolha do Porto para o acolhimento da “Coleção Miró” com o propósito de descentralização do acesso à Cultura e ainda com o aproveitamento do contexto de crescimento económico e turístico da cidade.

As 85 obras da “Coleção Miró” incluem desenhos, pinturas, colagens e tapeçaria realizadas pelo artista espanhol entre 1924 e 1981. A coleção ficou na posse do Estado português na sequência do processo de nacionalização do BPN.