Breakdance, skateboard, escalada e surf. A organização dos Jogos Olímpicos de Paris propôs, esta quinta-feira, a integração das quatro modalidades no programa olímpico de 2024. A decisão cabe ao Comité Olímpico Internacional (COI) que só anunciará a decisão final em dezembro de 2020. A necessidade de atrair novos públicos, assim como o crescimento de alguns desportos são fatores que pesaram na proposta francesa.

Foram também essas as razões que levaram o COI a aceitar incluir já o surf, a escalada e o skateboarding em Tóquio 2020, como desportos convidados. O breakdance ou breaking está em vias de ser a grande novidade de Paris.

Atletas e responsáveis federativos consideram positiva a inclusão dos quatro desportos nos Jogos Olímpicos. Todos concordam que a decisão de propor estas modalidades joga a favor dos respetivos desportos e pode ter um grande impacto juntos dos mais jovens.

Uma “nova plataforma” para os b-boys

Max Oliveira, é o chefe da equipa Momentum Crew, que foi campeã mundial de breakdance em 2016 e 2018. Em declarações ao JPN, o b-boy explicou que a decisão de propor o breaking para os Jogos de Paris 2024 é um motivo de “extrema felicidade para toda a comunidade do breakdance.”

Momentum Crew sagrou-se campeã mundial no último fim de semana

Momentum Crew sagrou-se campeã mundial em 2016 e 2018 Foto: Momentum Crew

Para o atleta, caso a modalidade se confirme nos Jogos Olímpicos isso levará ao “surgimento de uma nova plataforma desportiva”,“numa ótima altura”.

Max Oliveira considera que a hipótese beneficia sobretudo os mais jovens: “Especialmente [importante] para eles. Podem ter mais metas, além de objetivos performativos e de convívio cultural. Podem ter objetivos desportivos e conseguirem alcançar patrocínios, para que possam ter uma vida digna a fazer aquilo que mais gostam.”

Dia 11 de março realiza-se em Praga uma cimeira, convocada por um comité mundial para os Jogos Olímpicos, onde Max Oliveira estará como convidado. “Em Praga, terei uma reunião onde vou perceber exatamente o que pretendem de nós”, revelou.

Uma possível participação nos Jogos Olímpicos é algo que Max Oliveira encara como um “prémio de carreira”, mas o b-boy espera que surjam novos praticantes com talento. “Na altura [2024] terei 45 anos. Espero para o bem de Portugal que eu esteja longe de estar no topo dos atletas portugueses. Seria muito bom para o país.“

“Momento histórico” para o surf

João Aranha, é presidente da Federação Portuguesa de Surf (FPS) e encara a possibilidade da inclusão do surf nos jogos de Paris com muita satisfação. “É um momento histórico, que transforma um desporto, que já é forte a nível mundial, num desporto ainda mais forte, que fica integrado no maior evento desportivo mundial. Quer se queira, quer não, os Jogos Olímpicos vêm da idade grega e são o evento desportivo mais importante a nível da história. Para o surf esta decisão é importantíssima”, disse ao JPN.

Existem 2000 atletas federados de surf

Segundo o responsável, o surf  “tem sofrido um processo de credibilização, que com os Jogos Olímpicos será ainda maior”. “Vamos chegar a um público totalmente diferente e acho que o surf vai contribuir para o rejuvenescimento dos jogos“, vaticina.

Para João Aranha, a modalidade “entra num novo patamar de maturidade, que demonstra o reconhecimento das valências do surf”. A inclusão nos Jogos Olímpicos “é importante para os mais jovens” funcionando como uma “referência para os atletas”.

De acordo com os dados fornecidos pelo presidente da FPS, existem 200 mil praticantes de lazer em Portugal, dos quais cerca de dois mil são atletas federados.

Escalada em Tóquio gera controvérsia

André Neres foi campeão nacional de escalada em 2018 e considera “positiva” quer a eventual seleção da modalidade para os jogos de Paris quer a confirmada presença do desporto em Tóquio. O desportista explicou ao JPN que esta decisão do Comité Olímpico Internacional (COI) é reveladora da forma como a escalada “tem ganho terreno”.

Escalada é um dos desportos que vai fazer parte dos jogos de Tóquio 2020

Escalada é um dos desportos que vai fazer parte dos jogos de Tóquio 2020

O atual campeão considera, contudo, que há aspetos a melhorar, como a “final combinada” que não diferencia as três disciplinas da escalada (velocidade, força e boulder). Entre os escaladores, “ninguém está de acordo com a forma como se vai realizar a competição em Tóquio”, diz.

Squash, xadrez e bilhar foram três modalidades que não conseguiram a inclusão nos jogos de Paris, em 2024. Para já estão confirmados pelo Comité Olímpico 28 desportos.

Relativamente aos próximos jogos, que se disputam em Tóquio em 2020, o programa olímpico, para além da escalada, surf e skateboarding, conta também com basebol, softbol, karaté e basquetebol 3×3.

Artigo editado por Filipa Silva