O segundo dia do North Music Festival começou mais cedo do que o normal. A final da Taça de Portugal entre FC Porto e Sporting CP foi transmitida no Palco Principal, antes dos concertos. Como era de esperar, o futebol contribuiu para que o recinto começasse a encher antecipadamente.

Já era percetível que o público do festival era um misto de várias faixas etárias. A maioria dos presentes estava no festival pela primeira vez, o que acaba por ser natural já que ainda só vai na terceira edição. No entanto, as condições do espaço agradaram.

Sónia Ribas, 42 anos, admitiu querer ver “um pouco de tudo” do cartaz, mas com uma preferência para os Bastille. Gostou desta sua primeira experiência no North Music Festival e “pode ser que volte para o ano”.

Telmo Costa, 18 anos, não hesitou em apontar os Capitão Fausto e os Franz Ferdinand como as atrações principais. O estudante achou o conceito das Jam Sessions “divertido” por ajudar a “manter o ambiente do festival ativo“.

Entretanto, a final do Jamor chegava ao fim do tempo regulamentar empatado e teve de ir a prolongamento. O Palco Principal não podia esperar, então, a transmissão foi recambiada para o Palco Indoor.

Aqueles que ficaram pela música viram os Glockenwise chegar, por volta das 19h35. O grupo originário de Barcelos promoveu o seu mais recente álbum, “Plástico“, lançado em dezembro do ano passado.

O rock intenso da banda trouxe desde logo adrenalina à audiência, que ia aumentando lentamente. “Sempre Assim”, “Bom Rapaz” e “Corpo” foram algumas das canções que ecoaram pela Alfândega.

De seguida, à hora indicada, 20h45, chegou a vez dos Capitão Fausto. O aumento considerável de espetadores e a receção calorosa à entrada dos músicos tornava evidente a crescente popularidade da banda lisboeta.

O mais recente álbum, “A Invenção do Dia Claro” esteve representado em temas como “Certeza”, “Sempre Bem” e “Boa Memória“. No entanto, as origens não foram esquecidas, para alegria dos fãs mais acérrimos.

Os Dias Contados“, “Amanhã Tou Melhor”, “Santa Ana”, “Teresa”, enfim, um pouco de toda a discografia única do conjunto. Bateria, baixo, guitarra, teclas, tudo teve o seu momento para brilhar e demonstrar o porquê dos Capitão Fausto serem já das maiores referências do panorama nacional.

O rock dos Stone Dead inaugurou o segundo dia de concertos no Palco Indoor, às 21h30. O trabalho “Good Boys” serviu de suporte ao alinhamento que chamava à atenção pela sonoridade veloz e de várias influências.

Vivia-se uma noite quente na Invicta e o Palco Principal estava prestes a aumentar mais a temperatura com os Bastille, às 22h20. A banda britânica misturou as canções favoritas com os trabalhos mais recentes.

“Quarter Past Midnight” e “Doom Days” serviram de aperitivo para o próximo álbum, que sai dentro de duas semanas. Sucessos mais recentes como “Happier” e temas reconhecidos como “Things We Lost In The Fire” faziam os presentes saltar e berrar de excitação.

Ao seu estilo, o vocalista Dan Smith aproveitou “Flaws” para entrar pelo meio do público e cantar. Até conseguiu agarrar um chapéu de uma fã a meio da canção, para depois devolvê-lo.

O carinho da audiência era evidente e, em troca, os Bastille tocavam músicas conhecidas como “Laura Palmer” e “Of the Night”. Tudo culminou na inevitável “Pompeii” que pôs fim ao concerto e arrancou uma enorme ovação à banda britânica que comprovou de novo o favoritismo que recebe de Portugal.

Cave Story Foto: Sofia Matos Silva

Pelo meio os Cave Story já estavam no Palco Indoor. O trio de Caldas da Rainha apresentou temas do mais recente projeto, “Punk Academics”.

A meia-noite era a hora que todos esperavam. A primeira confirmação do North Music Festival estava prestes a encerrar o Palco Principal. Os Franz Ferdinand tinham à espera deles um recinto completamente lotado.

A entrada ao som de “The Dark Of The Matinée”, seguida por “No you girls“, demonstraram. por um lado, a energia do post-punk da banda escocesa e, por outro, a quantidade significativa de fãs fiéis que cantavam em uníssono.

O concerto continuou com um inédito. “Black Tuesday” nunca tinha sido tocada ao vivo e o Porto foi o local escolhido para a estreia do tema. “Do You Want To”, “Always Ascending”, “Walk Away“, “Lazy Boy”: não importava se eram clássicas ou recentes, o público cantava e abanava com todas as canções. “Até perdi um botão do fato. Noite louca“, desabafa o vocalista Alex Kapranos entre músicas.

“Right Action” piorou a situação, pois tanta era a intensidade da atuação que saltou uma corda da guitarra de Alex. “Não tocava esta há quatro anos. Só para verem a excitação que vai cá dentro por estar aqui”. Um fã berrou “Michael” e a banda concordou e tocou o tema, indo depois ter a “Take Me Out” e “Ulysses” para encerrar o alinhamento principal.

A despedida dos Franz Ferdinand permitiu aos presentes respirarem um pouco antes do encore eletrizante. “Jacqueline”, dedicada às meninas de Glasgow que podiam estar na audiência, “Love Illumination” e, por fim, “This Fire“, com o seu refrão a ser repetido incansavelmente pela banda e pelos fãs, foram o trio musical derradeiro e explosivo. Um fim digno para o Palco Principal do North Music Festival.

A noite fechou com a animação do DJ Set de Moullinex, às 01h50, no Palco Indoor.

A terceira edição do North Music Festival aparenta ter sido um sucesso entre o público. A organização não avançou dados à imprensa, mas o espaço totalmente lotado para os concertos principais dos dois dias foi notório. A quarta edição parece certa, embora ainda sem datas. Assim o promete a organização nas redes sociais com uma mensagem de despedida que termina com um “para o ano há mais”.

Artigo editado por Filipa Silva