Os estudantes do ensino superior estão há algum tempo identificados como um grupo de risco no que toca a maus hábitos alimentares. A Universidade do Porto (UP) decidiu, nesse contexto, avançar com um Plano de Ação para a Promoção da Alimentação Saudável para os seus estudantes, plano esse que foi apresentado esta segunda-feira, na Reitoria.

O conjunto de ações que a instituição se compromete a desenvolver foi apresentado no mesmo dia em que foi conhecido o resultado de um estudo, realizado em cem instituições do ensino superior, que corrobora a ideia de que é preciso melhorar a oferta alimentar nas universidades e politécnicos do país.

Das 135 máquinas de venda automática de comida e bebida analisadas, apenas 3% tinham fruta fresca. Os doces estavam presentes em todas as máquinas, “enquanto as sandes mais saudáveis apenas estão presentes em 31%” destes equipamentos, segundo a DECO, que fez o estudo em parceria com a Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto.

“Do ponto de vista nutricional, os alimentos apresentam elevado teor de açúcar, gordura e sal“, reitera a associação de defesa do consumidor, que faz ainda outra observação: “Se esta oferta alimentar das máquinas de vending do ensino superior for analisada à luz da regulamentação já existente para as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mais de metade (64%) dos alimentos  e bebidas seriam mesmo considerados proibidos.”

Quatro objetivos, 17 medidas na UP

No plano apresentado, esta tarde, pela Universidade do Porto, há quatro objetivos centrais, segundo a instituição: “aumentar o consumo de água e de hortofrutícolas e reduzir o consumo de açúcar e sal.”

Como é que os jovens encaram a alimentação? Mais uma vez, o JPN foi à procura de respostas

Os estudantes são considerados um grupo de intervenção prioritária pela Direção-Geral da Saúde em matéria de alimentação. DR

Para o fazer, a instituição especificou um conjunto de 17 medidas que prevê levar a cabo nos próximos dois anos letivos.

Entre elas está, em primeiro lugar, mapear a oferta alimentar da UP. Depois, melhorar as opções disponíveis nas máquinas de venda automática e reduzir, no caso das máquinas de bebidas, o açúcar disponibilizado.

A instituição prevê ainda promover o consumo de água através da “instalação de bebedouros” e da “disponibilização gratuita de água da rede pública nos bares e cantinas da UP”.

O kit do caloiro do próximo ano também virá, a este propósito, com uma garrafa de água reutilizável.

A UP quer  “eliminar os refrigerantes nas cantinas” e garantir que nos bares as opções de alimentação saudável têm exposição destacada nas montras.

Haverá um “conjunto de cláusulas técnicas” a aplicar nos serviços alimentares a contratar.

O sal na sopa e no pão – que vai passar a ser “escuro ou de farinha integral” – é para diminuir.

A UP fala ainda da criação de opções saudáveis para lanches e pequenos-almoços e de aumentar a oferta de legumes no acompanhamento das refeições.

E porque são cada vez mais os estudantes que procuram as opções vegetarianas, a UP colocou no plano a criação de “um núcleo técnico e de discussão de alimentação vegetariana na UP“, comprometendo-se ainda a refletir sobre “as necessidades de uma oferta alimentar multicultural na UP”, a pensar nos muitos estudantes internacionais da instituição (cerca de seis mil no ano letivo passado).

Ao nível da literacia, destaque para a ideia de promover uma formação anual em alimentação saudável junto dos responsáveis pelos serviços de alimentação da universidade.

O Plano de Ação para a Promoção da Alimentação Saudável da UP foi apresentado na mesma cerimónia em que foi revelado o relatório anual do Plano Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde.