Na Padaria Ribeiro, no Porto, os constrangimentos causados pelas gaivotas levaram a gerente a contratar um falcoeiro para as afugentar. Docentes do ICBAS dizem que é preciso estudar o problema.

Gaivotas em terra sem tempestade no mar. O Porto é a prova disso. Nos últimos anos, o número de gaivotas aumentou. São uma presença que se faz sentir pela cidade.

Elas procuram alimento que facilmente encontram em esplanadas e estabelecimentos de restauração. Lígia Rocha, gerente da Padaria Ribeiro no Porto, queixa-se da presença das aves: “O único problema é mesmo as gaivotas e as pombas roubarem a comida aos clientes e andarem a sobrevoar as mesas”, conta em declarações ao JPN.

Para Lígia Rocha, as gaivotas são um problema e um desafio. Mas Augusto Faustino, professor de Patologia Veterinária, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), diz que os humanos criam condições para o estabelecimento de gaivotas: “É uma espécie que se aproveitou de uma série de condicionantes ecológicas – destruição dos predadores; aumento da disponibilidade de alimento, por causa das lixeiras, dos portos de pesca; aumentos da localização da nidificação – e, portanto, fizeram o que faz a natureza, quando as condições são favoráveis, aumenta”.

O professor do ICBAS acha que se deve estudar a melhor forma de resolver o problema, mas até lá os proprietários têm de arranjar outras soluções. Lígia Rocha contratou Eduardo Esteves, um falcoeiro da T Falcon para afugentar as gaivotas.

O conceito é simples, diz-nos: “a águia é um predador de topo na cadeia alimentar. Tudo o que estiver abaixo, ela afugenta-os naturalmente. Sem caçar, sem matar. Está treinada para responder à luva, por isso, até agora voltou sempre. Não tive problema nenhum”.

Ainda assim, esta é uma solução temporária e local. Paulo Vaz Pires, professor associado do ICBAS especializado em Ciências do Meio Aquático, considera que é preciso um esforço conjunto para resolver o problema: “É preciso as câmaras colaborarem. Era fazer um grande projeto, arranjar dinheiro, estudar o problema e depois implantar as soluções”, remata.

Como explicam os docentes do ICBAS é fundamental a realização de um estudo para acompanhar o problema. Embora não se saiba se o número de gaivotas tem tendência a aumentar ou não, a presença destas aves continua a fazer-se sentir. Quer em mar, quer em terra.

Esta reportagem foi realizada no âmbito da disciplina de AIJ Rádio – 3º ano