A diretora da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Lúcia Almeida Matos, não se compromete ainda com datas. Contudo, espera ver a obra de requalificação do Pavilhão de Escultura e Pintura iniciar ainda no início do segundo semestre, deste ano letivo, e aponta março como um mês possível para o início da empreitada.

A direção reconhece a necessidade de uma intervenção profunda naquele edifício: “Se o pavilhão vai ser reabilitado é porque precisa e, obviamente, não está nas melhores condições”, assente Lúcia Almeida Matos. Há muito que a infraestrutura tem gerado queixas entre os estudantes devido às infiltrações e à humidade. Os estudantes apontam ainda a falta de ventilação em alguns pavilhões.

A direção garante ao JPN que os procedimentos administrativos e legais necessários para que se inicie a empreitada estão já em fase “finalíssima”. “Logo que esteja tudo resolvido, a empresa encarregada pela obra começa a trabalhar e espera-se que seja no início do segundo semestre, apesar de ainda não haver uma data definida”, assegura a diretora daquela instituição.

O prazo estimado para a requalificação do pavilhão é de dois anos.

Todavia, ainda não é certo o local onde vão passar a decorrer as atividades letivas alojadas no pavilhão em causa. Uma das hipóteses apontadas pela direção é a transferência para módulos colocados no terreno anexo à faculdade, que a instituição adquiriu com a intenção de alargar as suas instalações a longo prazo, mas que ainda não tem um projeto definido.

Segundo Lúcia Almeida Matos, o realojamento de atividades letivas envolve, por isso, toda a faculdade. “Não são necessariamente apenas as atividades que ocorrem no pavilhão de escultura e pintura que estão em jogo. Se se entender que outras devem ser realojadas para facilitar o trabalho de todos, é assim que se vai fazer”, explicou. Nesse contexto, a diretora lembra que este é um inconveniente que não afeta exclusivamente os alunos e onde estão incluídos tanto o corpo docente como os técnicos operacionais.

Um espaço classificado

Toda a FBAUP, incluindo o jardim, está classificada como um Monumento de Utilidade Pública. O Pavilhão de Escultura e Pintura, assim como a grande maioria dos restantes edifícios, data dos anos 50 e não houve grande intervenção de fundo ao longo dos anos, além de algumas reparações circunstanciais. Por isso, todas as intervenções feitas naquele espaço devem processar-se com “cuidados especiais”, segundo a diretora, uma vez que se trata de património classificado.

Os protestos estudantis face à falta de condições nos espaços de trabalho têm sido recorrentes na FBAUP. O assunto voltou a ser notícia na semana passada.

De acordo com as declarações prestadas à agência Lusa pela representante dos estudantes, Francisca Moura – que o JPN tentou contactar, sem sucesso até ao fecho do artigo – são “várias as salas sem extração de ar”, mas os “espaços mais críticos continuam a ser” o Pavilhão de Escultura e de Pintura, de onde “cai água do teto”.

Segundo Patrícia Silva, estudante finalista na FBAUP, “as queixas que têm surgido são legítimas”. Desde que a aluna ingressou na faculdade já assistiu, mais que uma vez, a situações em que chovia dentro das salas do Pavilhão de Escultura e Pintura. A estudante, em declarações ao JPN, acrescenta um aquecimento que “é antigo e não aquece”.

A finalista confirma que, no ano passado, se realizou uma reunião geral em que a direção assegurou que, neste ponto do presente ano letivo, os estudantes estariam já a passar para contentores no terreno anexo à faculdade. “Na verdade, não me parece que esteja a começar nada, não ouvi falar sobre o assunto e não vejo nada a acontecer”, acrescenta.

Patrícia lembra, ainda, situações em que colegas chegaram a ficar com trabalhos de pintura molhados devido às condições do espaço de trabalho. “Não estragou completamente [os quadros], mas depois requer que se volte a pintar certas partes e demora-se tempo e gasta-se dinheiro”, explica.

À altura da tomada de posse, há cerca de um ano, Lúcia Almeida Matos esperava que as obras naquele pavilhão estivessem concluídas até ao final do ano passado. Já no que diz respeito ao plano de obras da construção de um novo edifício, no terreno anexo à faculdade, a diretora não vê uma data próxima. É “uma obra que um dia vai acontecer, mas que ainda está longe na medida em que há muito a fazer antes e é preciso encontrar o financiamento necessário”, conclui em declarações ao JPN.

Artigo editado por Filipa Silva