A nona edição do Tornadu vai ter lugar no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP), no Porto. Entre os dias 21 e 23 de fevereiro, universitários de todo o país vão competir e descobrir quem são os melhores oradores.

A prova é organizada pela Sociedade de Debates da Universidade do Porto (SdDUP) e pelo Conselho Nacional de Debates Universitários (CNADU). O painel é composto por equipas de duas pessoas. Francisca Duque, presidente da SdDUP, diz que a organização espera a presença de “cerca de 37 a 45 equipas, ou seja, entre dez a onze salas“. O percurso da competição passa por cinco pré-eliminatórias, quartos-de-final, meias-finais e final.

Cada eliminatória do concurso segue o modelo do parlamento britânico. Na prática, em cada sala estão quatro equipas e cada equipa é composta por dois elementos. No debate é lançada uma moção desconhecida até à altura que pode abranger áreas como a política, a economia ou as relações internacionais. Cada equipa tem 15 minutos para preparar um caso suficientemente forte para vencer o debate que vai contar com sete minutos de discurso de cada membro.

Há duas equipas que são o governo e, portanto, são a favor da moção e duas equipas que são contra a moção. A posição de cada equipa é decidida por sorteio e, por isso, muitas vezes as pessoas têm de defender posições que não são as suas”, explica Para Francisca Duque como um dos fatores que torna mais interessante a prova.

O vencedor tem direito a uma viagem às Ilhas Canárias, mas os participantes têm ainda mais a ganhar. “Os participantes do Tornadu têm o currículo automaticamente ligado a uma base de dados a que as empresas nossas parceiras vão ter acesso. Tudo o que diz respeito a processos recrutamento ou entrevistas que estas empresas queiram fazer, pode estar mais próximo dos concorrentes“, assegura.

Ana Cláudia Freitas vai participar no Tornadu, é presidente do CNADU e considera que o debate competitivo estimula o espírito crítico dos participantes e deve chegar às pessoas ainda antes do Ensino Superior.

O CNADU, como explica a mesma fonte, já está a reunir esforços para que iniciativas como o Tornadu cheguem também às escolas secundárias. “Temos um modelo um bocadinho diferente para o Ensino Secundário. É o modelo Schools que também tem competições internacionais e regras próprias. A nossa ideia é conseguir um torneio ainda este ano“, avança.

O pensamento crítico subsequente da participação em competições como o Tornadu pode trazer vantagens à próxima geração da classe política, caso alguns dos participantes enveredem por esse caminho. “Em vez de estarem na Assembleia calados à espera da sua vez de falar, estas pessoas vão estar, efetivamente, a ouvir e a identificar os pontos bons e maus dos discursos dos oponentes. A partir daí, o diálogo vai ser mais produtivo e as conclusões vão ser mais benéficas para todos”, reflete Ana Cláudia Freitas.

Tiago Laranjeiro, único concorrente que fez parte de duas equipas que venceram o Tornadu (edições de 2012 e de 2015) considera que “pensamento crítico, cultura geral e uma boa capacidade de compreender a posição do outro” são as caraterísticas que fazem um bom orador.

Ainda que acredite que o conteúdo das moções seja “diferente” daquele que havia nas edições em que venceu aquela competição, Tiago Laranjeiro aceitou o desafio de apostar alguns dos temas que, acredita, podem ser abordados no Tornadu deste ano. “É expectável que haja moções sobre o racismo no desporto, é expectável que se debata a eutanásia, que se debata a gentrificação nos centros urbanos. Estes temas que estão na ordem do dia”, lembra.

“Hoje em dia o que faz mais falta é investimento em provas internacionais. Vamos lá uma ou duas vezes e isso não chega, a experiência é fenomenal”. Em 2013, Tiago Laranjeiro fazia parte da equipa que ficou em segundo lugar no Campeonato do Mundo de Debate Competitivo universitário de Berlim. Depois disso, mais nenhuma equipa portuguesa atingiu uma final de um torneio internacional.

Artigo editado por Filipa Silva.