A pandemia de COVID-19 fez paralisar o meio cultural português. Inúmeros teatros, cinemas e salas de espetáculos fecharam temporariamente em todo o país. Porém, há iniciativas para contornar o encerramento.

É o caso do Teatro do Noroeste que publicou em direto e online uma peça no dia 12 de março, “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”. A companhia, de Viana do Castelo, também já divulgou a programação online que decorre até 9 de abril. O intuito é levar o teatro às pessoas que estão a passar pelo isolamento social.

Também o Teatro Aberto criou a iniciativa #teatroemcasa para divulgar as suas apresentações online. A companhia já traçou a programação até ao final de abril, que começou com a peça “A Mentira”, de Florian Zeller, no dia 19, em exibição até quarta-feira (25), seguido por “A Verdade” que irá decorrer até ao primeiro dia de abril. Apesar de se tratar de um streaming ao vivo, as peças são registos de arquivo de espetáculos anteriores.

O Teatro Nacional D. Maria II também se juntou no dia 20 de março. “Montanha Russa”, com encenação de Miguel Fragata, foi a primeira peça de acesso gratuito divulgada online. Os vídeos, lançados todas as sextas e sábados, podem ser visualizados por um período indeterminado de tempo, a partir do momento em que são lançados.

O Teatro da Garagem divulgou no dia 12 um projeto de lançamento diário de peças online a partir do desta quinta-feira (26). A produção de 15 episódios da peça “Mundo Novo” vai estar disponível online gratuitamente no site do projeto. Os episódios vão ter por volta de 10 minutos cada e podem ser acedidos online gratuitamente a partir das 21h30.

Ao que o JPN apurou, o Teatro Nacional de São João (TNSJ), no Porto, tem também a intenção de seguir estes passos. Apesar de ainda não ter divulgado informação sobre a adesão à transmissão de peças online, o TNSJ garante ao JPN que dará novos detalhes até ao fim desta semana.

As iniciativas surgem como forma de contornar os efeitos que a pandemia de COVID-19 e que o decretado estado de emergência em Portugal têm ao nível cultural. A propósito, o Ministério da Cultura anunciou, esta segunda-feira, um conjunto de medidas de apoio ao setor da cultura, “historicamente fragilizado”.

Nesse sentido, foi criada uma linha de emergência para o apoio às artes no valor adicional de um milhão de euros. Financiada pelo Fundo de Fomento Cultural, “esta linha de apoio destina-se a apoiar projetos de criação artística nas áreas das artes performativas, artes visuais e de cruzamento disciplinar. São elegíveis a este apoio pessoas coletivas e pessoas individuais que, no presente, não recebam apoio do Estado, em particular da DGARTES [Direção-Geral das Artes]”, refere o documento.

No cinema, o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) garante que cumprirá com as responsabilidades remuneratórias “para com o pessoal criativo, artístico ou qualquer outro trabalhador envolvido na execução do projecto”.

Além disso, o ICA vai suspender a retenção de 7,5% do preço de venda ao público de bilhetes de cinema. Também o Organismo de Produção Artística, OPART, assegura que vai cumprir com todos os compromissos financeiros com os trabalhadores e pessoal envolvido nas produções.

Para que os profissionais da área possam acompanhar as novidades, o Ministério da Cultura criou um site, onde reúne informação dedicada aos agentes do setor, em permanente atualização.

Num vídeo divulgado no site, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirma que “o Estado vai cumprir o seu papel” dando conta de algumas medidas já aprovadas pelo Conselho de Ministros “para empresas, cooperativas e associações e para profissionais independentes”. “Destaco, pela sua particular relevância para o setor das artes, uma medida de apoio a todos aqueles que viram a sua atividade cancelada que consiste numa prestação de apoio social e no adiamento das contribuições para a Segurança Social”, referiu.

Artigo editado por Filipa Silva.