Salomé Rocha, maratonista de 29 anos e ex-aluna da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, tinha presença garantida nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, mas, devido ao COVID-19, o evento foi adiado por um ano. A maratonista viu anos de treino esfumarem-se e vê, ainda, a preparação para 2021 altamente influenciada pela falta de competição e pela quarentena profilática a que a generalidade da população está obrigada.

Depois de, em 2016, se ter estreado nas Olimpíadas no Rio de Janeiro, Salomé Rocha já estava numa fase adiantada de preparação para atingir o pico de forma no verão deste ano. “Os Jogos são realizados de quatro em quatro anos, mas não se preparam no último ano. Eu estou a preparar estes Jogos Olímpicos desde o final dos Jogos Olímpicos de 2016 “, explica Salomé Rocha ao JPN.

Rui Ferreira, treinador de Salomé Rocha, viu o trabalho da sua equipa técnica comprometido pela “maior dificuldade”, diz o treinador, que enfrentou durante o período que antecedeu a decisão do Comité Olímpico: a “incerteza”: ” Primeiro disseram-nos para treinarmos normalmente, porque os Jogos não iam ser cancelados, uns dias depois já se ponderava o adiamento, até chegarmos a a esta decisão.”, explica Rui Ferreira também ao JPN.

O plano traçado por Salomé e toda a sua equipa técnica vai ter de ser radicalmente alterado e há várias condicionantes que aumentam a dificuldade desse planeamento. Os Jogos foram adiados para 2021, mas ainda não se sabe para que altura do ano. Só se sabe que será “nunca depois do verão”, avança a maratonista.

Além de não se saber a altura do ano em que se vão realizar os Jogos, há, ainda, a questão das medidas adotadas em Portugal para defender a saúde pública, que tornam impossível treinar normalmente: “São treinos limitados”, começa por dizer Salomé Rocha. “Claro que, no imediato, não vai ser fácil elaborar um novo plano, porque não sabemos quando podemos treinar em condições de segurança e quando vão haver competições”, conclui a atleta.

À conversa com o JPN, Salomé Rocha termina deixando uma mensagem: “Este é um problema mundial: não é asiático, nem europeu, nem africano, é um problema mundial. A saúde dos atletas está sempre em primeiro lugar”. O discurso da atleta foi acompanhado pelo do treinador: “O importante agora é cuidar da parte humana e familiar das atletas, porque a parte desportiva deve estar um bocadinho de lado”, assume Rui Ferreira.

Nos Campeonatos do Mundo de Atletismo de Doha em 2019, Salomé Rocha foi 28ª classificada numa prova em que 23 das 68 concorrentes não chegaram à meta, devido às difíceis condições climatéricas. Em abril, na Maratona de Londres, altura em que garantiu o apuramento para os Jogos, a atleta atingiu a terceira melhor marca portuguesa de sempre, correndo a maratona em 2h24m47s, ficando apenas atrás de Rosa Mota e Jéssica Augusto no histórico nacional da distância.

Artigo editado por Filipa Silva