E se, de repente, pos telemóveis passassem de “elementos perturbadores na sala de aula” a ferramentas pedagógicas ao serviço dos professores? É essa a ideia por detrás do Quizionário, o projecto de um grupo de estudantes de mestrado em multimédia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) que promete “revolucionar” a forma como os conteúdos são transmitidos nas escolas portuguesas.

Como funciona?

O jogo consiste num tabuleiro virtual redondo onde são colocadas 12 questões à escolha, pelos professores. Cada pergunta tem quatro opções de resposta. Depois de acertar um determinado número de respostas, o aluno passa para o nível seguinte, estimulando assim os conhecimentos. No futuro, está previsto o lançamento de uma modalidade de jogo “um contra um”, na qual os alunos podem competir para tentar obter mais pontos.

Desafiada a criar uma aplicação para telemóvel no âmbito de uma disciplina de laboratório, a equipa constituída por dois engenheiros, um artista plástico, um web designer e um professor de matemática inspirou-se nos polémicos acontecimentos da Escola Secundária Carolina Michaelis. Os autores pretendem mostrar que os telemóveis não têm que ser vistos como “elementos perturbadores e causadores de indisciplina nas aulas”, revela Renato Roque, um dos engenheiros do grupo,

Baseado num modelo “pergunta-resposta” (ver caixa), o jogo corre em três plataformas: no telemóvel, mas também no computador e num quadro interactivo. Para Renato Roque, a ideia é “que os alunos possam desfrutar do telemóvel de uma forma pedagógica e, ao mesmo tempo, lúdica”.

Os autores acreditam que as potencialidades do Quizionário são estimuladas pelo facto do jogo estar directamente ligado à Internet. “É um jogo nacional, fica disponível em todo o lado. A aplicação que corre nos telemóveis é muito leve porque não tem conteúdos, estes estão na Internet. E é extremamente flexível porque qualquer conteúdo que seja colocado na base de dados imediatamente está disponível para o jogo”, esclarece Renato Roque ao JPN.

Vantagens para os professores

Transformar a crescente utilização dos telemóveis entre os mais jovens em mais-valia para os professores é outro dos grandes objectivos do projecto. “Como isto fica em base de dados, o professor pode pedir indicadores pedagógicos sobre a forma como o aluno está a jogar. Ele pode saber quais são as perguntas em que o aluno falha. Pode saber numa determinada turma qual é a média de falhas”, afirma Renato Roque. Além disso, o Quizionário pode ainda estimular a cooperação entre professores a nível nacional.

O projecto está em fase de testes nas escolas Carolina Michaelis, Vila D’este e Manuel Laranjeiro, podendo, mais tarde, chegar à Escola do Funchal. Com excepção do Carolina Michaelis, “não há nenhum critério” na escolha das escolas. “São escolas onde há elementos do grupo a trabalhar. Até porque é mais fácil porque as pessoas estão lá, podem falar com as pessoas e divulgar o jogo junto dos colegas”, diz Renato Roque.