Apesar das bandas internacionais serem a grande aposta dos promotores que dinamizam a oferta musical do Porto, os projectos residentes não são esquecidos.

“Continua a dar-se mais atenção às bandas estrangeiras, mas este circuito tem contribuído também para uma maior visibilidade dos grupos do Porto”, diz Pedro Magina, vocalista e guitarrista dos Aquaparque. “Agora os projectos mais pequenos conseguem ter mais visibilidade do que antes”, reforça José Alberto Gomes, dos Nimai.

A relação mais próxima entre músicos, promotores e bares resulta numa “união que não havia antes” e que facilita a exposição e o trabalho dos artistas, refere Luís Teixeira, a outra metade dos Nimai. “Sinto que não tenho dificuldade nenhuma em arranjar concertos cá no Porto”, afirma Alexandre Monteiro, mentor do projecto Weatherman.

Sítios como o Passos Manuel, o Mercedes ou o Plano B são geridos por gente que está de braços abertos para receber bons projectos e oferecem condições muito boas para tocar”, acrescenta.

Bandas precisam de “trabalhar mais”

Os novos projectos pecam por “alguma preguiça”, aponta José Alberto Gomes. O empenho na composição precisa de ser completado com o trabalho de “autopromoção”, de “procurar e marcar concertos”. “É também preciso sair do quarto, perder o medo de se mostrarem”, sublinha Luís Teixeira. E “falta uma rádio a sério” no Porto que ajude na divulgação dos projectos, refere José Alberto Gomes.

O Porto tem “inúmeros projectos a aparecer”, considera Alexandre Monteiro, que criou recentemente a editora Sublime Impulse. Para estimular esta bolsa de criatividade, “é preciso que os promotores continuem a apoiar as novas bandas”, diz Luís Teixeira, e que “os espaços apostem em concertos diários”, refere Pedro Magina. Porque “embora haja um circuito, os projectos pequenos ainda aparecem e desaparecem rapidamente”, salienta José Alberto Gomes.

Esta emergente “massa crítica” tem espaço para crescer e público também. “Está-se a perder o hábito do ‘do que é de fora é que é bom’”, diz José Alberto Gomes. O público do Porto está “mais receptivo” às bandas da cidade, considera Luís Teixeira. “Já estive em concertos só com bandas do Porto e estavam totalmente cheios”.