Secondhand Serenade é o nome do projecto a solo que John Vesely iniciou em 2004, nos Estados Unidos da América. Já com dois álbuns no currículo, “Awake” e “A Twist in My Story”, foi com o single “Fall for You” que Secondhand Serenade alcançou o sucesso internacional.

Em conversa com o JPN, John Vesely encarou o desafio de abrir para Scorpions com um sorriso, até porque é uma convergência “interessante” e “engraçada”. Utilizador confesso das redes sociais para promoção do seu trabalho – foi o Myspace que lhe abriu portas -, Vesely vê a Internet como um meio importante na divulgação de artistas.

Existem grandes diferenças entre os álbuns “Awake” e “A Twist in My Story”. Por exemplo, no álbum de estreia optou por não gravar com uma banda, algo que foi radicalmente alterado no segundo. O que mudou com essa forma de gravar?

Muita coisa mudou. Da primeira vez, escolhi gravar acusticamente porque gosto mas também porque era o que conseguia pagar. Só tinha oito dias de estúdio e, por isso, tinha de gravar tudo a correr. O álbum acústico é bastante intimista e puro e é composto quase totalmente por guitarra e voz. É muito simples mas passa muito bem a mensagem. Para o segundo álbum tive muito mais tempo. Tive alguns meses para gravá-lo, por isso pudemos experimentar dinâmicas e construir músicas usando recursos diferentes. Foi fantástico finalmente poder trabalhar com o som de uma banda completa porque podes fazer muito mais com isso em termo de dinâmica.

Começou pelo Myspace. Pensas que a indústria musical finalmente mudou a sua visão em relação à Internet? Achas que a indústria tem uma relação simultaneamente de amor e ódio com a Internet?

Sim, é interessante porque, neste momento, a indústria musical está a passar por uma grande transição. Acho que para os artistas que estão a emergir e a tentar ser conhecidos e seguidos, a Internet é uma ferramenta espantosa porque permite deixar de lado as empresas discográficas e ir directamente aos fãs, internacionalmente. É brilhante. Desde que isso começou a acontecer, os vídeos musicais já não dependem tanto da MTV, porque as pessoas podem simplesmente vê-los online e as músicas são pirateadas, o que é um problema. Acho que o iTunes fez as coisas correctamente, pois fez com que as pessoas quisessem gastar dinheiro com música de novo. Mas agora vivemos num mercado de singles. A Internet tornou o mercado assim, fazendo com que as pessoas agora possam escolher aquilo que querem ouvir.

Acha que a magia de ouvir um álbum como um todo se perdeu?

Sim e não. A magia perdeu-se para as pessoas que não se importaram de a perder. As pessoas que ainda querem ter a experiência de ouvir um álbum do princípio ao fim, fazem-no. Mas agora ninguém obriga a fazê-lo. Mesmo assim, ainda há quem compre álbuns. Eu gosto do facto que dá a oportunidade aos fãs de ouvir as músicas que querem ouvir e não só as musicas que a empresa discográfica quer que elas ouçam.

Começou a carreira de forma oposta: primeiro o Myspace e só depois o contrato com uma editora. Acha que essa é a forma como as coisas funcionam hoje em dia?

É para aí que se caminha neste momento. Hoje em dia, as editoras já não fazem grande desenvolvimento de artistas. Agora limitam-se a procurar um artista que já tenha um grupo de fãs e que já seja reconhecido. Mas agora consegues ter uma vida confortável a fazer o que adoras sem nunca ter qualquer tipo de ligação a uma editora.

Alguma vez pensou que chegaria tão longe e tocaria em locais como Portugal

Não, nunca pensei. Gostaria imenso, mas nunca vi isso a acontecer. Mas é fantástico. Já é a segunda vez que venho cá tocar e é muito bom.

O que achou do Porto até agora?

É fenomenal. Ontem à noite fomos jantar e beber uns copos e foi fenomenal. E hoje à noite também nos vamos divertir imenso aqui.

Qual é a sensação de abrir para os Scorpions?

É interessante (risos). É uma mistura engraçada.

O que se pode esperar do próximo trabalho, que está prestes a sair?

Estou a terminar as gravações neste momento. Deve estar pronto em Agosto e será lançado provavelmente em 2010. É um grande passo em relação ao último álbum. Acho que, musicalmente, está muito mais desenvolvido, pelo que podem esperar um bom álbum.

Quando volta a Portugal?

Não faço ideia, nem sei se vou sair do país (risos). Brevemente. Se tudo correr bem, vou fazer uma tour pela Europa no final deste ano, portanto nessa altura poderei voltar.