Um clima de incerteza tem vindo a invadir França, desde que o governo iniciou a votação de um projecto de lei que, entre outras coisas, prevê o aumento da idade mínima da reforma dos 60 para os 62 anos. Os manifestantes invadem as ruas, enquanto alastram as dúvida sobre o funcionamento dos serviços públicos e de segurança.

O JPN esteve em Paris na semana da greve geral francesa e pode acompanhar de perto a
real situação dos cidadãos e turistas. As manifestações paralisaram os aeroportos no dia 19
de Outubro: 50% dos voos no aeroporto de Orly e 30% no Roissy-Charles de Gaulle foram
cancelados. O transporte público também foi afectado. André Tomasi, morador em Paris, salienta que as manifestações têm uma forte adesão da população. Em dia de greve, os transportes públicos são sempre o sector mais “afectado”, pois interferem “bastante” com o “calendário parisiense”, considera o jovem de 24 anos.

Moradores e os turistas sublinham que o maior problema da paralisação é, de facto, a irregularidade do funcionamento dos transportes públicos. Mariana Azevedo, estudante em mobilidade de 32 anos, ressalva que, na terça-feira, teve “muita dificuldade” para chegar ao campus universitário.

Na realidade, as grandes acções sindicais afectam o turismo e a economia local. Um estudo do Centro de Análise Económica estima que, desde o início do ano, a contestação social terá provocado a perda de um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) francês, ou seja, cerca de 19 milhões de euros.

Thierry Demorand, gerente do Friends Hostel, afirma que os protestos têm afectado o número de reservas, pois muitos vôos são cancelados, impedindo a ida de turistas para Paris.

As manifestações afectaram também actividades culturais. O actor Tim Robbins e
sua banda cancelaram a tournée, tal como Lady Gaga que adiou os concerto agendado para esta sexta-feira e sábado.