“Tudo faremos para que a RTP Porto não continue a ser decapitada e exigimos que a administração torne público o que entende ser o futuro da RTP Porto”, referiu, em comunicado, o dirigente da Comissão Política do PSD do Porto, Ricardo Almeida.

Privatização em que moldes?

A decisão do Estado relativamente ao modelo de privatização da RTP está prestes a ser conhecida, já que a questão deverá ser levada a Conselho de Ministros ainda este mês. Ainda assim, o cenário quase garantido pelo ministro da tutela é a privatização de 49% do grupo, ficando depois o parceiro privado com a gestão total da estação.

O comunicado surge depois de, na sexta-feira passada, a administração da televisão pública ter confirmado que o programa matinal “Praça da Alegria” vai passar a ser produzido em Lisboa. Adiantando, ainda assim, que, “em breve”, será anunciado “um grande projecto de produção” a concretizar no Porto.

Devido à incógnita que é o futuro da RTP no norte, o PSD Porto pede que seja clarificado exatamente “qual é o projecto especial referenciado, como vai ser o futuro da informação produzida pelos profissionais da RTP Porto e que programas vão passar a ser produzidos no Monte da Virgem”. Sem, no entanto, deixar de referir os “sucessivos cortes orçamentais e de recursos humanos” na empresa – medidas que consideram “profundamente prejudiciais para a região Norte e demonstram um absurdo centralismo”, lê-se.

Funcionários preparam uma vigília contra a deslocalização da “Praça da Alegria”

Também por causa desta situação – e principalmente devido à deslocalização do programa “Praça da Alegria” – os trabalhadores da RTP Porto decidiram avançar com uma vigília na próxima quinta-feira, 20 de dezembro, nos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia. O protesto foi aprovada em plenário de trabalhadores e está aberto a todos os cidadãos que queiram participar.

Na moção apresentada, os funcionários da estação consideram “suficientemente vago para poder ser facilmente descartado” o tal “grande projeto” referido pela administração do canal. Sublinham ainda que a “Praça da Alegria” é “único programa de grande audiência da televisão portuguesa que dá verdadeira voz às forças vivas do Norte e das regiões do país” e que esta decisão “coloca em causa um conjunto importante de postos de trabalho especializados”.

Menezes: o “peso secular do centralismo tem levado sempre a melhor”

O presidente da câmara de V. N. Gaia e candidato à autarquia do Porto, Luís Filipe Menezes, também já tomou uma posição, em defesa da RTP Porto. Em declarações aos jornalistas, afirmou ser “um bom princípio para a defesa dos estúdios do Porto, dos seus trabalhadores, da importância do Norte, que o serviço público de televisão pudesse ficar sediado no Porto”, já que o “peso secular do centralismo tem levado sempre a melhor ao longo dos últimos 35 anos”, afirmou.

Não deixou ainda de referir-se a esta medida como “uma medida avulso que transmite o sinal de que se quer acabar com toda e qualquer produção autónoma televisiva na RTP”.