A administração da Casa da Música não conseguiu ficar indiferente aos cortes de 30% que já estavam previstos e que o secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier, confirmou esta terça-feira. Por isso, em protesto, demitiu-se em bloco.

Em comunicado, os responsáveis garantem não estarem reunidas as condições “que, até hoje, garantiram o sucesso da fundação”: “Em primeiro lugar, porque o Estado se revelou incapaz de reconhecer que não só existe um acordo fundacional, como também que, já em Abril deste ano, em sede de conselho de fundadores, se chegou a um novo acordo para, face à actual conjuntura, acomodar uma redução não prevista e suplementar de 20% sobre o financiamento inicialmente
assegurado de dez milhões de euros”, lê-se.

Comunicado do Conselho de Fundadores

O conselho de fundadores também reagiu a esta demissão: dizem ter tomado conhecimento “com mágoa” da renúncia do Conselho de Administração, devido ao “incumprimento das perspectivas que lhe foram criadas para o exercício da sua actividade”, e louvam o “trabalho desenvolvido ao longo dos últimos sete anos, que contribuiu de forma notável e reconhecida como tal para o desenvolvimento da cultura musical” no Norte e “para a afirmação da Casa da Música no panorama internacional”.

Cortes de 30% vão além “do que é economicamente sustentável”

O que acontece é que o Estado, para além de já ter reduzido em 50% a despesa que tem atualmente com a Casa da Música (desde o ano 2005), pretende ainda avançar com uma redução suplementar de 30%, fazendo de 2013 um ano muito complicado para a fundação. “O Estado (…) insiste na inevitabilidade de uma redução suplementar que vai para além do que é economicamente sustentável”, dizem – já que não era essa a percentagem que estava acordada inicialmente.

O anterior secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas falou de um corte de 20%. Mas em novembro, o novo secretário, Barreto Xavier, falava de um de 30%. Nuno Azevedo, administrador da fundação, garantia “não ter qualquer indicação” nesse sentido. Poucos dias depois, foi-lhe confirmada esaa decisão. Barreto Xavier reuniu-se com o conselho de fundadores da Casa da Música e limitou-se a “dizer que não havia acordo nenhum! E que o corte para este ano e o próximo era de 30%, inegociáveis”, afirmou, à Visão, Nuno Azevedo.

Gabinete do Secretário de Estado da Cultura “lamenta” a decisão da administração

Ainda assim, e para “evitar que a Fundação Casa da Música fique inoperante”, o conselho de administração mantém-se em funções até à designação dos novos membros, que acontecerá na “próxima reunião de Conselho de Fundadores”, em Março de 2013″.

Ao Público, o gabinete do secretário de Estado da Cultura disse lamentar a decisão da administração, e garantiu: “Manifestamos o nosso empenho na continuação do projecto da Casa da Música”.