Com o alargamento da possibilidade do voto antecipado em mobilidade, todos os eleitores recenseados no território nacional puderam votar antecipadamente. Este domingo, a novidade  foi posta em prática pela segunda vez, depois das eleições europeias de maio. Nessa altura, formaram-se filas e houve múltiplas queixas, mas desta vez o processo decorreu sem problemas no Porto.

Mais de 9 mil eleitores estavam inscritos para votar antecipadamente no distrito – o segundo com mais inscrições, a seguir a Lisboa, num número cerca de três vezes maior do que o registado nas eleições europeias – e desta vez puderam fazê-lo num local maior. Em vez dos Paços do Concelho, a autarquia escolheu o Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto (CCD), na Rua Alves Redol, para organizar o processo.

Por volta das 08h00, as pessoas entravam no CCD e conseguiam cumprir todo o processo sem grandes complicações. Mesmo o aumento de fluxo de cidadãos, a partir das 10h00, não modificou o cenário.

Luís Fernandes, de 34 anos, vai viajar no fim de semana para o qual está agendada a eleição (próximo 6 de outubro). Veio de Santo Tirso para poder exercer o seu direito. Ao JPN, considerou que, para quem vem, tal como ele, de outros concelhos do distrito, não é confortável ter que vir ao Porto, no entanto, admite que “podem, provavelmente, não ter estrutura para ter isto em todos os municípios”. Foi a primeira vez que o informático votou antecipadamente, ato que considerou relativamente fácil, desde a inscrição ao voto em si.

Alberto Granger, da mesma idade, engenheiro, e também de fora da cidade – é da Póvoa de Varzim – acha que faz todo o sentido o local de voto ser na sede do distrito, mas denuncia, igualmente, o proveito que teria em haver algum local de voto mais perto. Para as zonas mais periféricas, como é o caso da sua cidade, “realmente seria mais conveniente”, diz. No entanto, admite que tudo pode depender do número de pessoas. Caso a adesão seja muita, considera que se justifica abrir noutros locais.

Francisco Carvalho, de 62 anos, é reformado e veio de perto – é do município do Porto. Admite que deveria haver mesas de voto em mais localidades, já que o facto de os cidadãos terem de se deslocar até à sede aumenta a abstenção. “Como é lógico”, disse. Manuel Teixeira, de Gondomar, partilha da mesma opinião. “Não estou a ver uma pessoa de Baião a vir aqui votar. Se calhar opta pelo mais fácil – não vota”, opina.

Número de mesas foi a grande alteração

Adolfo Marques de Sousa, diretor municipal da Presidência da Câmara Municipal do Porto. Foto: Alexandre Matos

Na linha das opiniões registadas junto dos eleitores, também a organização fazia um balanço positivo do escrutínio ao final da manhã. O Diretor Municipal da Presidência da Câmara do Porto, Adolfo Marques de Sousa, sublinhava a inexistência de filas de espera, apesar do “fluxo” significativo de eleitores.

O responsável explicou que, nestas eleições, o distrito teve o triplo de inscritos e 12 vezes mais mesas do que nas eleições europeias – um aumento expressivo. Cinquenta mesas divididas em três salas. Considerou ainda que “as alterações nunca são suficientes”, mas sim uma consequência de um processo de aprendizagem e melhoria.

Apesar das melhorias evidentes, ainda há reflexões a fazer. Marques de Sousa referiu que o trabalho foi árduo para organizar o processo em tão curto espaço de tempo uma vez que, como a Câmara do Porto vem apontando, só souberam da totalidade dos inscritos na sexta-feira de manhã. O diretor espera que este aspeto melhore a curto prazo e que o processo deixe de estar limitado às capitais de distrito, pois reforça que é um esforço muito grande para os municípios. “E essencialmente para os eleitores, que é o fundamental”, remata.

Nas europeias, em especial em Lisboa e no Porto, formaram-se filas, com tempos de espera de por vezes 40 minutos, o que originou protestos dos eleitores e críticas de vários partidos. Para evitar este problema, este domingo cada mesa teve 500 eleitores em vez dos 1.500 de maio.

Sendo assim, a satisfação por parte dos cidadãos foi patente. Valter Castro, de 20 anos, é estudante e votou antecipadamente, visto que no dia 6 de outubro não terá possibilidade de estar na Madeira, de onde é natural. Valter também votou antecipadamente nas eleições parlamentares europeias, e, quando compara os processos eleitorais, afirma que este foi mais ágil: “foi demasiado rápido para as pessoas se aperceberem”. Ele não foi o único. Ana Oliveira, de 24 anos, concorda. Afirmou que a inscrição foi fácil e intuitiva e que a organização no Porto “está muito bem”.

No total, 56.287 eleitores inscreveram-se para votar em mobilidade. Mais de 21 mil em Lisboa e 9.333 no Porto. Até à hora de fecho deste artigo, não foi possível confirmar o número de inscritos que efetivamente compareceu nas urnas, neste domingo, mas a edição desta segunda-feira do “Jornal de Notícias” indica que terão sido mais de 90%.

Artigo editado por Filipa Silva