Os sorrisos de Gabi, Zeca, Mila, Rui e Rita são alguns dos que a Equipa Oriental (EO) consegue produzir entre as crianças do Lagarteiro, no Porto.

A EO da Associação Norte Vida trabalha com crianças e adolescentes dos três aos 14 anos. “Sentimos de perto o real desenvolvimento que os miúdos tiveram ao longo do tempo. O nosso trabalho afectou [positivamente] o crescimento deles”, afirma o animador sociocultural Gilberto Antunes. “Sinto-me um ponto de referência na vida deles. Acho que olham para nós como se fossemos os irmãos mais velhos”, elabora.

Rui (na foto) tem sete anos, frequenta a segunda classe e adora matemática. Questionado sobre qual seria a sua profissão para o futuro, diz querer ser “‘matematista'”, “jornalista” ou “‘Dino Babes'”.

Rita tem 11 anos e diz que vai ser “cabeleireira”, “massagista” ou “tratadora de golfinhos”. Embora nunca tenha tido a possibilidade de os ver ao vivo, gosta dos golfinhos “quando os vê na televisão”.

Mas trabalhar com crianças nem sempre é fácil e a tarefa complica-se se forem crianças com grandes problemas estruturais. “Esta é uma população com necessidades”, afirma a animadora sociocultural Andreia Gingeira.

“O nosso projecto está indicado para lidar com jovens até 21 anos, segundo o protocolo que a Segurança Social estabeleceu com a nossa associação”, diz Gilberto Antunes. “Mas é extremamente difícil realizar actividades de animação sociocultural com adolescentes a partir dos 15 anos porque não aderem tanto. Os adolescentes querem ser independentes”, acrescenta.

Para este animador, “a grande ajuda” que a EO oferece aos adolescentes é “a nível pessoal e humano pois conversamos muito com eles”. “A partir dos 15 anos já começam a gozar o nosso trabalho. [Os adolescentes] são incapazes de entrar na carrinha para pintar ou desenhar. Não temos actividades próprias para adolescentes. As actividades que fazemos são jogos ao ar livre ou trabalhos manuais dentro na nossa carrinha e apenas as crianças mais novas aderem”, elabora.

“Para mim o trabalho com eles é extremamente gratificante. No final do dia há aquela sensação de conforto e ao fim-de-semana por vezes tenho saudades dos miúdos”, diz o animador sociocultural, que considera que se faz demagogia no que toca às situações de exclusão social no nosso país. “Escreve-se muito e faz-se pouco”, afirma.

“Há miúdos que nunca saíram do bairro, que não sabem o que é uma sala de cinema, que não conhecem o sabor das pipocas do cinema”, afirma a animadora Andreia Gingeira, que refere que a Associação Norte Vida já tentou, sem sucesso, estabelecer uma parceria com uma rede de cinemas para levar as crianças a ver filmes.

Texto e foto: Gina Macedo