Os próximos tempos serão de mais austeridade e, consequentemente, assistir-se-á a uma diminuição de bolsas atribuídas. Esta é a opinião dos conferencistas que debateram a ação social escolar. André Azevedo Alves, docente da Universidade da Aveiro (UA), recorre aos números oficiais: entre 2009 e 2011 foram cortadas 18 mil bolsas. A tendência, diz, é para diminuir. João Carvalho, administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Porto (SASUP) é perentório. Em declarações ao JPN, o administrador acredita que “aquilo que é possível prever são as restrições orçamentais”. “É suposto que venhamos a assistir a alguma contenção, no âmbito deste tipo de apoios”, admite .Ou seja, quantos maiores os cortes, menos serão as bolsas.

Em debate, no âmbito das II Jornadas Pedagógicas organizadas pela AEFEUP, estiveram várias propostas referidas pelos diferentes conferencistas. André Azevedo Alves propôs, como alternativa ao sistema atual, uma subida de propinas, acompanhada por um sistema de empréstimos aos estudantes. Segundo o docente seria assim possível aos estudantes pagar as propinas quando terminassem o curso e arranjassem um emprego que lhes permitisse pagar o empréstimo ao Estado.

Já José Soeiro, sociólogo e militante do Bloco de Esquerda (BE) , refuta esta organização do apoio social, dando como exemplo o caso dos Estados Unidos da América (EUA), onde este sistema é utilizado. O sociólogo refere que nos EUA há muitos casos de insucesso devido ao facto de os alunos não conseguirem pagar o empréstimo.

65% dos alunos teme abandonar ensino superior

José Soeiro revela que o Estado está a rasgar o contrato feito com a população, e que envolve acesso à educação, em prol das dívidas que tem com os credores internacionais. O bloquista usa os dados de um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, referindo que 65% dos estudantes diz temer abandonar o ensino superior devido a dificuldades económicas. No que toca à Universidade do Porto (UP), o administrador dos SASUP, João Carvalho diz, em declarações ao JPN, pouco poder fazer. “Nada podemos fazer porque não temos capacidade normativa, quem a tem é o governo”, rebela.

No que toca ao novo regulamento, que dita que se os alunos bolseiros ficam sem direito a bolsa se não tiverem um aproveitamento superior a 60%, João Carvalho diz não ver contradições. “Todos os que entram no ensino superior vêm munidos com as mesmas competências, as mesmas capacidades”, acredita. O administrador dos SASUP assume “confiança” na ação social, no sentido em que esta “colmata aquilo que é a sua insuficiência económica para garantir as condições de sucesso”.