Ainda antes do sol de pôr, os apoiantes do movimento Es.Col.A, reuniram-se no largo da Fontinha para decidir qual o futuro das atividades que decorriam na antiga escola primária, depois da reocupação que marcou o 25 de abril.

Sentados no chão, alguns com sumos, pacotes de bolachas ou batatas fritas, e com crianças e cães na assistência, este era o cenário da 48.ª assembleia da Fontinha, que começou por volta das 18h30, depois de ter sido decidido, por unanimidade, que a comunicação social não poderia registar imagens da reunião.

Com o megafone de mão em mão, debateram-se o funcionamento da assembleia, o objetivo das atividades do Es.Col.A e a situação do edifício, os três pontos que constavam na ordem de trabalhos.

O futuro das atividades

No que respeita ao futuro local das atividades de apoio às crianças, que até 19 de abril decorriam no interior da escola, predominava a opinião de que deveriam ser transferidas para o largo da Fontinha, respeitando os moradores. O átrio da própria escola ainda foi apontado como possível local, mas a refutação de uma habitante, com o argumento de que abrir e fechar os portões da escola sucessivamente só contribuía para confundir mais os alunos, refletindo-se no seu rendimento escolar, reuniu mais adeptos. Ficando-se pelo largo, para não se perderem raízes, um dos participantes ofereceu-se para contribuir com uma estrutura móvel que resista às adversidades meteorológicas.

Tendo sendo sempre em mente a necessidade de se manterem mobilizados, na assembleia surgiram sugestões de criação de grupos de trabalho que deveriam envolver, e distribuir por área de atuação, todas as pessoas solidárias com o projeto. Entre as atividades, o Coro, as aulas de guitarra e o Grupo de Teatro vão continuar. O cinema ao ar livre pode ser uma opção, falando-se no filme “Linha Vermelha” como abertura simbólica das sessões, uma vez que retrata a ocupação. Outra ideia, vinda do grupo do circulo de estudos artísticos, é a de embelezar as paredes com desenhos e frases.

O Es.Col.A tem de ser ouvido

Dar voz ao Es.Col.A foi outra das preocupações. Ponderou-se a viabilidade de escrever no livro de reclamações da Câmara Municipal do Porto, enviar uma carta à Procuradoria-Geral da República, discutida e aprovada em assembleia, frisando-se ainda a importância de alertar outras instituições para que não se deixem instrumentalizar pela autarquia. Já foram contactadas algumas associações, com o objetivo de criar uma loja social na Fontinha. Associar uma personalidade mediática à causa também esteve em discussão, apontando-se o nome de Pinto da Costa, não numa perspetiva clubística, mas como cidadão.

Os “heróis sociais da Fontinha”, como alguns foram apelidados, diziam que o Porto está carenciado de atividades não institucionais, pelo que o movimento Es.Col.A não poderá acabar, como devem ser criados outros polos na cidade, acreditando-se num fenómeno às escala nacional. Neste sentido, outras propostas foram a de apelar à população para colocar uma fita nas maçanetas das casa como forma de manifestar o apoio para com o movimento e de criar um grupo de apoio legal a pessoas detidas em situações que impliquem repressão policial. Em comunicado, a Polícia Municipal esclareceu que, tendo em conta as recentes notícias sobre a destruição do material, “apenas se limitaram a desobstruir os locais de acesso para permitir a circulação no interior da escola”.

Lutar pela continuidade e não pela ocupação

Uma nova ocupação do edifício não estará, por enquanto, em vista, uma vez que “lutar pela continuidade é uma coisa, ocupar sítios é outra”, como referia um dos participantes. A ênfase desta questão reside em determinar qual o projeto pensado para o recinto escolar. A remoção dos materiais que ainda se encontram dentro da escola também foi vista como algo prematuro.

A próxima assembleia, onde alguns destes ainda serão definidos, ficou marcada para o próximo sábado, 28 de abril, pelas 18h30, no largo da Fontinha.