A Escola Superior de Educação (ESE) em colaboração com a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) – ambas do Politécnico do Porto – e a Porto Global HUB juntaram-se para produzir viseiras de proteção integral para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). A iniciativa foi anunciada no início da semana.

A iniciativa solidária foi criada a partir de uma lista de materiais necessários previamente identificados pelo SNS. Apesar das atividades letivas presenciais terem sido suspensas, as respostas referentes à participação foram imediatas.

Numa nota do Instituto Politécnico do Porto (IPP), a presidente da ESE, Prudência Coimbra, informa que, dadas as circunstâncias atuais e devido às necessidades urgentes do SNS, a instituição “sente a necessidade de colocar ao serviço as suas competências e contribuir para estes tempos difíceis.”

Em declarações ao JPN, fonte do IPP refere que todo o apoio aos profissionais de saúde é necessário e que se as universidades, faculdades e institutos de ensino superior, que têm a capacidade de ajudar, devem fazê-lo uma vez que é “uma necessidade e um dever cívico”.

Nesse sentido, as escolas superiores do Politécnico do Porto, apoiadas por várias empresas que doaram materiais, criaram uma linha de montagem no domicílio.

“Mais de uma dezena de docentes produzem as peças a partir de casa com recurso a impressoras 3D, um único funcionário recolhe as peças, concentra-as na Escola Superior de Educação e o hospital recolhe o material, devidamente inventariado e acondicionado”, explica Prudência Coimbra, na nota da instituição.

Segundo o IPP, o equipamento tem a particularidade de ser reutilizável, já que a viseira de acetato que produzem pode ser trocada várias vezes.

O protótipo já foi experimentado no Centro Hospitalar de Santo António, no Porto, por Márcio Rodrigues – médico – que se mostrou satisfeito com a qualidade do produto. “A viseira de face integral, responde inteiramente às necessidades que possam vir a surgir, sobretudo no que diz respeito a este material específico”, lê-se na nota.

Ainda assim, o IPP reitera que os hospitais afirmam ter ainda capacidade de resposta e que este interesse de aquisição de material serve de prevenção para uma “situação futura” que possa vir a mudar “drasticamente” já que o país entrou em fase de mitigação.

Também um grupo de docentes, do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a contribuir para a causa. Os professores conseguem, desde casa e com a ajuda de impressoras 3D, reforçar o stock de equipamento.

As viseiras destinam-se a todos os profissionais de saúde que venham a estar em contacto direto com um paciente que apresente a doença de COVID-19.

Atualmente o projeto conta com 15 docentes e funcionários não docentes da Escola Superior de Saúde, assim como uma estudante. Ao Hospital de Santa Maria da Feira já foram entregues dezenas de viseiras e já existem conversações com os hospitais de Gaia e de São João no Porto.

Também o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) anunciou, esta quinta-feira (26), que desenvolveu um método de produção rápido de viseiras, com a colaboração de empresas parceiras.

 Numa nota de imprensa o Politécnico avança que a técnica de fabrico permite, num tempo recorde, produzir 10 mil viseiras de proteção. O protótipo já foi testado e validado por uma equipa clínica do Hospital de Barcelos e nos próximos dias mais hospitais do Minho terão à sua disponibilidade o equipamento.

Além do IPP e do IPCA, também a Câmara Municipal de Ílhavo, assim como a empresa FAN3D, entre outras, se juntaram à produção de viseiras para ajudar os profissionais de saúde no combate ao novo coronavírus.

O Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA) em Matosinhos e o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) em Vila Nova de Famalicão recebem esta sexta-feira (27), o primeiro-ministro após anunciar que estão a adaptar as suas atividades à produção de equipamentos para os profissionais de saúde.

Ao JPN, uma fonte do CEIIA, indicou que foi confirmado pela organização a produção de um protótipo de ventiladores, mas que “neste momento não tem mais informações a não ser quando o projeto terminar”.

No início do mês, a Câmara Municipal do Porto anunciou, que em colaboração com uma empresa privada, iria fabricar máscaras cirúrgicas para equipar os funcionários municipais que estejam em contacto permanente com o público.

Além do fabrico das máscaras, a autarquia não descartou a possibilidade de vir a criar equipamentos de proteção individual para doar aos hospitais caso fosse necessário.

Os cervejeiros de Portugal também criaram iniciativas próprias. Por exemplo, a Super Bock, em parceria com a destilaria Levira, está a converter o álcool da cerveja em gel desinfetante para três unidades hospitalares da região do Porto.

Numa primeira fase, a empresa disponibilizou cerca de 56 mil litros de álcool de cerveja, que vão resultar em cerca de 14 mil litros de álcool desinfetante para as mãos.

Já os cervejeiros artesanais decidiram juntar-se e doar todo o seu stock de ácido peracético utilizado na indústria da higienização. A iniciativa conta com cerca de 30 cervejeiros de Norte a Sul do País e com mais de 300 mil litros de ácido desinfetante distribuído aos organismos estatais.

Empresas contribuem em todo o Mundo

Contudo Portugal não é o único país a precisar de mais equipamentos para responder ao surto. Espanha é, nesta altura, o segundo país europeu com mais casos infetados, com mais de 56 mil infetados, e o segundo país a ultrapassar o número de mortes na China – mais de quatro mil mortes. São precisos mais ventiladores para travar os óbitos em Espanha.

Nesse sentido, um grupo de engenheiros da empresa alemã de robótica Protofy, desenvolveu um protótipo de ventiladores que pode ser fabricado em casa em apenas quatro horas.

Após ter conhecimento do projeto, a empresa de automóveis Seat mostrou interesse e diz-se disponível para fazer ventiladores utilizando o motor do limpa para-brisas. A Seat afirma iniciar a produção em volume mal os produtos sejam validados pelos testes de segurança.

À semelhança, também Ford anunciou que vai utilizar os seus recursos para fabrico de equipamento médico e de proteção, como ventiladores. Segundo a “Rádio Renascença”, a empresa norte-americana vai recorrer a peças de automóveis e às impressoras 3D para construir ventiladores, respiradores e viseiras de proteção para ajudar os profissionais de saúde.

Artigo editado por Filipa Silva.